Nos animais, a apresentação clínica varia consideravelmente de acordo o grau da doença pancreática. Nos casos mais brandos, podem ser observados sinais subclínicos e autolimitantes. Se a doença for recorrente, com o tempo pode dar origem a pancreatite crônica. Animais com formas mais graves de pancreatite evidenciam, sobretudo, anorexia (91% dos casos), vômito (90%), fraqueza (79%), dor abdominal (58%), desidratação (46%) e diarréia (33%) (Hess, 1998). Os casos mais graves habitualmente também apresentam febre, dificuldades respiratórias, icterícia e choque cardiovascular. Em alguns casos observa-se o desenvolvimento de sinais cutâneos de paniculite associados, embora a paniculite esteja relacionada com neoplasia pancreática e não apenas com pancreatite (Steiner, 2003).
Na pancreatite crônica, os sinais clínicos podem resultar de disfunções endócrinas ou exócrinas, i.e., além de dor abdominal, também pode ser observada diabetes mellitus ou insuficiência pancreática exócrina (Watson, 2003).
Diagnóstico Laboratorial
Hemograma e bioquímica sérica
De modo geral, estes exames analíticos não são específicos para a pancreatite, embora sejam úteis para avaliar o estado geral do animal e excluir outras causas passíveis de provocar dor abdominal e vômito. As alterações bioquímicas variam de acordo com o grau de inflamação pancreática, ou seja, não há uma apresentação única. O hemograma pode revelar alterações compatíveis com uma resposta inflamatória aguda. Em 55% dos casos de pancreatite severa é observável leucocitose com desvio à esquerda. No entanto, também pode verificar-se leucopenia devido ao sequestro de neutrófilos para a zona inflamada ou para o líquido abdominal (Hess, 1998).
De um modo geral, a bioquímica sérica revela um aumento moderado das enzimas pancreáticas (lipase, amilase), alterações eletrolíticas (compatíveis com desidratação e vômito), azotemia, hipoalbuminemia, hipocalcemia (devido aos depósitos de cálcio nas áreas necrosadas) e hiperglicemia (Steiner, 2009).