Infecções parasitárias da pele

Profª. Adriane Pimenta da Costa Val georgia@dedalus.lcc.ufmg.br

Infecções por artrópodes

Demodicose Canina

Definição e causas

Em pequeno número, o ácaro Demodex canis é um habitante normal da pele dos cães. A sua transmissão ocorre da mãe para os filhotes nas primeiras 72 horas de vida. A dermatite se desenvolve quando um número excessivo de ácaros passa a habitar os folículos pilosos, glândulas sebáceas ou sudoríparas da pele.

Patofisiologia

A patogênese da demodicose canina é complexa e não é completamente compreendida, mas alguns fatores permitem a supercolonização dos folículos e demais estruturas e, conseqüentemente, a superpopulação da pele. A supressão do sistema imune parece precipitar a doença, em pelo ao menos alguns casos, mas outros fatores predisponentes já foram sugeridos ou documentados. Entre eles podem ser citados estro, nascimento dos filhotes, desmame, verminoses intensas, a administração de drogas imunossupressoras, doenças graves tais como hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, diabetes melitus, linfosarcoma, hemangiosarcoma e adenocarcinoma.

Formas e sintomas clínicos

Demodicose localizada

Sua ocorrência se dá em cães com menos de um ano de idade, sendo que 90% dos casos se resolve espontaneamente em 4-8 semanas e apenas uma pequena maioria deles progride para a forma generalizada. Os fatores predisponentes para esta afecção são alterações hormonais próprias da adolescência, endoparasitismo, estado nutricional inadequado, cirurgias, e outros fatores de estresse. Observam-se lesões geralmente no focinho, área periocular, comissuras da boca, áreas circunscritas na cabeça, conduto auditivo e membros. São geralmente observadas uma a cinco lesões, caracterizadas por eritema variável, descamação e hiperpigmentação discretos. Não há prurido, exceto se a piodermatite estiver presente.

Demodicose generalizada

Se a idade de surgimento está entre 3-12 meses, a demodicose é considerada juvenil e possui características hereditárias. Cerca de 30-50% dos casos se resolvem de forma espontânea, entretanto, é necessário monitorar o paciente de forma muito próxima. Há uma certa predisposição familiar-racial: Afghan hound, Beagle, Boston Terrier, Boxer, Chihuaua, Sharpei, Chow chow, Collie, Dálmata, Dachshund, Doberman, Bulldog, Pastor Alemão, Pointer e Pug. Se o animal estiver com mais de 1 ano de idade, é considerada demodicose generalizada adulta e muita atenção deve ser dada a fatores predisponentes. Não há predisposição para sexo ou raça. Em ambos os casos, a doença se inicia como uma única lesão que rapidamente se espalha por todo o corpo. Geralmente, são observadas mais de 10, caracterizadas por alopecia localizada a difusa, eritema intenso, piodermatite, pápulas, pústulas, seborréia, foliculite, furunculose e até celulite. O prurido pode estar presente ou não, dependendo da existência e/ou intensidade da infecção bacteriana. Podem também ser observados linfoadenopatia, anorexia e febre.

Pododemodicose

Infecção interdigital crônica, podendo ou não haver histórico de demodicose generalizada. Há sempre a presença de piodermatite, superficial ou profunda. Ocorre especialmente em raças grandes como Dogue Alemão, São Bernardo, Pastor Alemão e Old English Sheepdog. A sintomatologia clínica é caracterizada por dor, eritema, edema e nódulos interdigitais e digitais. Podem haver lesões em outras partes do corpo. Freqüentemente, é muito resistente a terapia.

Diagnóstico

Quando adequadamente efetuados e interpretados, os raspados de pele possuem valor diagnóstico definitivo, pois os ácaros são facilmente encontrados. A parte da pele afetada deve ser comprimida vigorosamente entre os dedos para facilitar a extrusão dos ácaros do interior dos folículos. Os raspados devem ser profundos até que se observe sangramento capilar e realizados em diversos locais. Colocar o material entre lâmina e lamínula e examinar no aumento 10 X. Podem ser observado quatro estágios do ciclo de vida do Demodex:
– ovos em forma de fuso;

– larvas com seis pernas;

– ninfas com oito pernas;

– adultos com oito pernas.
Importante: Um grande número de adultos vivos ou a presença de formas jovens são necessários para confirmar o diagnóstico, já que um ácaro ocasional pode fazer parte da flora normal da pele e também pode ser visto em outras patologias cutâneas.
A biópsia pode ser especialmente necessária em casos de pododermatite recorrente, pododemodicose em cães Sharpei. No caso de demodicose generalizada adulta, torna-se imprescindível a determinação do perfil clínico do paciente através de hemogramas, bioquímica sangüínea e urinálise, além do diagnóstico de doenças subjacentes.

 

Tratamento

Demodicose Localizada

Muitas das lesões se resolvem de forma espontânea. Além do acaricida, deve-se melhorar a saúde local da pele com o uso de xampus, cremes ou loções de peróxido de benzoíla com concentrações entre 2,5-3 % aplicados uma vez ao dia. Este procedimento visa também abrir os folículos pilosos, facilitando a ação do acaricida. O acaricida de escolha é o amitraz, diluído a 0,2-0,4%, também aplicado uma vez ao dia. Repetir os raspados de pele a cada 2-4 semanas. O tratamento deve ser feito até que os raspados sejam negativos ou até que as lesões estejam resolvidas.

 

Demodicose Generalizada

Deve ser feita tosa total, especialmente se o animal possui pêlo longo. Antes da aplicação do acaricida é recomendado o uso de xampus a base de peróxido de benzoíla na mesma concentração anterior. O acaricida de escolha é o amitraz, diluído a 0,2-0,4% e deve ser aplicados em banhos semanais. Os banhos devem ser dados por um mínimo de seis semanas, e devem ser feitos raspados múltiplos como acompanhamento a cada 2-4 semanas. O tratamento deve continuar por 3-4 semanas após o primeiro raspado negativo e deve-se repetir os raspados para confirmação 4-6 semanas após o fim do tratamento com acaricida. Se a piodermatite estiver presente, devem ser administrados antibióticos por um mínimo de 4 semanas. É primordial o tratamento de qualquer doença subjacente.

 

Pododemodicose

Banhar as patas com xampus de peróxido de benzoíla e depois com solução de amitraz na diluição recomendada, diariamente. Preparar a solução no momento do banho. Alternativamente, pode preparar uma solução de 0,5-1,0 ml de amitraz em 30 ml de propilenoglicol e aplicar nas patas do animal a cada 1-3 dias. Entretanto, esta solução é instável e deve ser preparada no momento do uso. Se óleo mineral for usado, a solução pode ser preparada a cada 2 semanas. Antibioticoterapia por longo prazo é recomendada, geralmente por um período mínimo de 6-8 semanas. Também aqui é primordial o tratamento de qualquer doença subjacente.

 

Monitoramento do paciente

Acompanhar o animal para os efeitos tóxicos do tratamento com acaricida, que são tonteiras, depressão, bradicardia, anorexia, vômitos ou diarréia. Estes efeitos podem ser diminuídos se o animal é alimentado antes dos banhos. A demodicose localizada possui excelente prognóstico. Já a demodicose generalizada juvenil possui prognóstico de bom a reservado. Em alguns casos podem recorrer e tratamentos locais por toda a vida podem ser necessários. É aconselhável retirar da reprodução todo o cão que tenha demodicose generalizada juvenil, devido a sua predisposição hereditária. A demodicose adulta generalizada possui prognóstico de reservado a sombrio, dependendo da afecção subjacente e a pododemodicose geralmente se torna crônica e extremamente resistente ao tratamento. Corticosteróides sistêmicos devem ser evitados em qualquer dos tipos da doença ou em qualquer fase do tratamento ou mesmo após a obtenção da cura, pois recorrências podem acontecer.

Escabiose

 

Definição e causas

A escabiose é uma dermatite extremamente pruriginosa. Em cães, é causada pelo Sarcoptes scabiei var. canis e em gatos pelo Notoedres cati. É transmitida pela contato direto com outros animais infectados.

 

Patofisiologia

Os ácaros adultos são ovóides e as fêmeas são cerca de duas vezes maiores que os machos. Todo o ciclo de vida é feito na pele do hospedeiro; os ácaros adultos podem viver 4-5 semanas, enquanto que o ciclo ovo-larva-ninfa-adulto dura de 17 a 21 dias. Enquanto a fêmea cava túneis na pele ela põe cerca de três a cinco ovos por dia junto com seus produtos excretórios. Os túneis estão localizados principalmente no estrato córneo. A cabeça da fêmea pode ser encontrada no estrato granuloso, de onde ela retira sua alimentação. Os ácaros são relativamente espécie-específicos, embora possa haver infestação em uma outra espécie e até em humanos.

 

Aspectos clínicos

As lesões primárias da escabiose são pápulas, que se disseminam rapidamente e desenvolvem-se até uma formação pápulo-crostosa, sempre acompanhada de escoriações decorrente do intenso prurido. A doença freqüentemente tem início na cabeça, especialmente as margens auriculares, abdome, cotovelos, jarretes e região axilar. Freqüentemente ocorre infestação generalizada. Nos casos mais antigos, as lesões primárias podem ser mascaradas pela progressão até uma dermatite crônica, hiperpigmentada, com crostas. O prurido pode ser tão intenso que poderá ocorrer perda de peso. Algumas pessoas em contato íntimo com o animal afetado poderão apresentar pápulas pruriginosas nos braços e tronco. Estas lesões se resolveram espontaneamente em 4 semanas depois que os animais forem tratados adequadamente.

Diagnóstico

O raspado de pele é o melhor método de diagnóstico. Os raspados devem ser superficiais, já que o ácaro cava um túnel no estrato córneo da epiderme e devem cobrir áreas extensas, pois pode ser difícil encontrar o ácaro. Deve-se ainda fazer o raspado em áreas com pápulas, crostas amarelas, na região axilar e borda da orelha. Colocar o produto do raspado entre lâmina e lamínula e examinar no aumento 40X. Caso seja necessário a clarificação do material, acrescentar KOH 10% e aguardar por 20 minutos.
Importante: O encontro de um único ácaro tem valor diagnóstico, bem como o encontro de peletes fecais castanho-escuros, redondos ou ovais ou ainda ovos do ácaro. Raspados negativos não significam a não existência da doença.
O diagnóstico definitivo muitas vezes só pode ser dado após a terapia escabicida. É muito mais sábio errar por diagnosticar e tratar escabiose que perder a chance de tratar uma doença curável.
A lista de diagnósticos diferenciais para a escabiose inclui todas as doenças pruriginosas não sazonais, sendo as mais comuns atopia, alergia ao alimento e piodermatite pruriginosa.

 

Tratamento

O tratamento deverá ser focalizado na erradicação dos ácaros. A escabiose pode ser tratada de maneira muito efetiva com ivermectina (0,2 mg/kg SC). De modo geral, três aplicações são eficientes, em intervalos de 10-15 dias. Banhos diários com soluções ou xampus a base de monossulfiram são excelentes auxiliares ao tratamento. A ivermectina nunca deverá ser usada em Pastor de Shetland, Collie ou Old English Sheepdogs e seus mestiços, pois é altamente neurotóxico nestas raças. Estes animais devem ser inteiramente tosados e devem ser banhados em soluções parasiticidas. Os acariciadas eficazes são amitraz (duas a três vezes, em intervalos de duas semanas) e o lindane (semanalmente pelo ao menos 4-6 semanas). Para o alívio do prurido intenso pode ser recomendada a administração de prednisona (1mg/kg/dia por 5-10 dias). O prognóstico para esta doença é excelente.

 

Infecções por fungos

 

Dermatofitose

 

Definição e causas

São infecções de estruturas queratinizadas como pêlos, unhas, garras e extrato córneo da pele causadas por Microsporum sp e Tricophyton sp. Em cães e gatos, dermatófitos zoofílicos como Microsporum canis e Tricophyton mentagrophytes, e dermatófitos geofílicos como M. Gypseum são os mais comuns. Em gatos, M. Canis é responsável por 98% das afecções observadas por dermatófitos.

 

Patofisiologia

A dermatofitose é uma doença extremamente contagiosa, não apenas entre os animais, mas também dos animais para o homem. Folículos pilosos infectados são bastante frágeis e fragmentos de pêlos contendo artrosporos infectantes são o meio mais eficiente de transmissão para os outros hospedeiros, sendo o contato direto com os artrosporos e hifas o modo de transmissão. Estes organismos podem estar presentes nos animais ou ambiente (pêlos e descamações), mas também em escovas, pentes e cama do animal. Além do contato direto, importantes fontes de infecção são os chamados portadores, isto é animais sem infecções visíveis mas que, ainda assim, conduzem o material infeccioso.

 

Aspectos clínicos

Os aspectos clínicos de uma infecção dermatofítica variam consideravelmente. Na maioria dos casos, o prurido é ausente e se presente é bastante discreto. Em cães, há comumente uma dermatite inespecífica com formação de crostas e escamas e, na maioria dos casos, há envolvimento folicular. A lesão clássica caracterizada por alopecia circular, rapidamente expansiva e descamativa, conhecida como lesão anular ou “ringworm” ocorre apenas ocasionalmente. Os locais de predileção para a infecção são a cabeça e extremidades e o envolvimento generalizado menos comum. Áreas circunscritas na pele, agudamente inflamadas, com presença de foliculite/furunculose e até mesmo celulite podem ocorrer, mas são raros. A onicomicose é freqüentemente causada por Tricophyton mentagrophytes resulta em unhas ressecadas, quebradiças e mal formadas.
Em gatos, a manifestação clínica mais comum é uma alopecia maculosa, com pêlos partidos que assumem um aspecto de “barba curta”. Descamação pulvurulenta esparsa, eritema discreto podem ser observados concomitantemente. Além destes e dos aspectos clínicos descritos para os cães, os gatos podem apresentar dermatite miliar com numerosas crostas de pequenas dimensões ou ainda otite ceruminosa.

 

Diagnóstico

Dermatofitose nunca deve ser diagnosticada baseada apenas na sintomatologia clínica. A grande variabilidade de achados dermatológicos existem em casos reais de dermatofitose e existem várias outras doenças de pele bastante comuns que mimetizam a lesão anular.

As doenças mais importantes para compor a lista de diagnóstico diferencial são a demodicose e foliculites por estafilococos. As foliculites superficiais por estafilococos, especialmente quando acompanhadas por lesões circulares com eritema e descamação são comumente confundidas com dermatofitose. É importante lembrar que aquelas infecções são muito mais comuns nos animais que as dermatofitoses.

· Exame pela Lâmpada de Wood
As infecções por Microsporum canis podem ser positivas ao exame com a lâmpada de Wood. Esta técnica pode ser de grande valor diagnóstico, mas não deve ser usada para o diagnóstico definitivo, pois nem todas as lesões apresentam fluorescência positiva. Por outro lado, interpretações errôneas podem ser feitas, pois descamação e medicamentos podem produzir uma fluorescência esverdeada. A real fluorescência é muito brilhante, verde-maçã, e está confinada apenas aos folículos e pêlos contaminados.

A lâmpada de Wood deve ser ligada cinco minutos antes do uso e deve incidir sobre as lesões suspeitas por 3-5 minutos, pois algumas cepas de Microsporum canis necessitam de algum tempo antes da fluorescência se tornar óbvia.

· Exame direto e cultura
Obtenção das amostras: visando a redução no crescimento dos contaminantes, as áreas devem ter pêlos cortados bem rentes ou até depiladas e limpar (não esfregar) com álcool 70 %. Incluir pêlos partidos associados a lesões, pêlos íntegros retirados de dentro dos folículos com pinça hemostática e descamação, mas deve-se evitar os exudatos.

Exame direto: colocar o material obtido no raspado (pêlos, descamação) juntamente com KOH 10% (Hidróxido de Potássio, 10%) e deixar por 30 minutos em temperatura ambiente ou aquecer por 20 minutos. Este procedimento visa a clarificação (diafanização) da queratina. Como a maioria das infecções fúngicas dos animais são ectotrícicas, a clarificação não necessita ser tão intensa como nas infecções humanas. Mesmo para profissionais experientes esta técnica é diagnóstica em poucos casos, pois é muito demorada e pode levar a falsa interpretação quando fungos saprófitas estão presentes na amostra.

Importante: As espécies de dermatófitos nunca formam macrosporos nos tecidos; os elementos encontrados são hifas e artrosporos

Cultura fúngica: O material raspado pode ser utilizado também para a cultura e esta é a forma mais segura de se fornecer diagnóstico definitivo de dermatofitose na maioria dos casos.
Meios de cultura: O meio de cultura mais apropriado para o crescimento e identificação dos dermatófitos é o DTM (Dermatophyte Test Medium). O DTM é o ágar glicosado de Saboraud adicionado com ciclo-hexemida, gentamicina e clortetraciclina como agentes antibacterianos e antifúngicos e vermelho fenol como indicador. Os dermatófitos utilizam inicialmente a proteína do meio e os metabólitos alcalinos “viram” a cor do meio para vermelho. Quando as proteínas se exaurem, ocorre a utilização dos carboidratos. Outros fungos também usam proteínas, promovem também a mudança de cor do meio, mas só após longo período de incubação (10-15 dias) pois utilizarão os carboidratos antes.  É observada a mudança de cor para vermelho simultaneamente ao crescimento de micélios cotonosos. É necessária a observação diária após a inoculação, pois a mudança de cor pode ocorrer em 5 dias, antes até do crescimento fúngico. examinar o crescimento ao microscópio; em 7-10 dias as colônias produzem macrosporos que permitem a identificação específica. A cor das colônias fornece alguma informação, os dermatófitos zoofílicos são brancos a amarelados, contaminantes são azuis, verdes, marrom escuro e pretos.

 

Tratamento

O tratamento das infecções por dermatófitos deve ser direcionado na erradicação do material infeccioso dos animais afetados, dos portadores e do ambiente. Para tal finalidade, são indicados a tosa total, o isolamento apropriado, medidas sanitárias, terapia tópica e administração sistêmicas de medicamentos fungicidas ou fungistáticos.

Para o uso tópico xampus contendo imidazóis, iodo povidona ou clorexidina são indicados. O tratamento local com cremes contendo imidazóis é somente indicado ocasionalmente.

Os medicamentos sistêmicos que podem ser empregados são a griseofulvina (60-100mg/kg diariamente) ou cetoconazol (10-15 mg/kg diariamente). Estes medicamentos devem ser administrados juntamente com o alimento para que seja evitado o vômito e devem ser evitados em animais prenhez ou em serviço de reprodução. A terapia deverá ter continuidade até que se obtenham duas culturas fúngicas negativas intervaladas de um mês. Comumente, as infecções cutâneas demandam 4-8 semanas, enquanto que a onicomicose pode requerer até 6 meses.

O ambiente circunjacente ao animal poderá ser tratado com soluções cloradas ou comuns de limpeza diariamente.

 

Dermatomicoses

 

Infecções por Malassezia

 

Definição e causas

A Malassezia pachidermatides (Pityosporum pachidermatides, P. canis) é uma levedura lipofílica, não formadora de micélios, com formação oval alongada, parede grossa de brotamento unipolar, comumente encontrada na pele normal e conduto auditivo de cães.

 

Patofisiologia

São encontrados de forma numerosa em casos de otite e dermatite. O papel da Malassezia como causa primária de doença ainda é controvertido. Por outro lado, a dermatite por Malassezia é comum, e deve ser considerada como fator em casos de dermatites descamativa, eritematosa, oleosa e pruriginosa.
Alterações no microclima da superfície da pele ou nas defesas do hospedeiro permitem que este comensal se torne um patógeno. Tais alterações podem ser produção excessiva de sebo, acúmulo de umidade e subsequente ruptura da barreira epidérmica. Também podem ser considerados doenças bacterianas e alérgicas da pele.

 

Aspectos clínicos

A dermatite por Malassezia ocorre em cães adultos de qualquer raça ou sexo. Geralmente se inicia em meses em que a umidade é alta. A dermatite pode ser regional (ouvidos, focinho, interdigital ou perianal) ou generalizada. A principal reclamação do cliente é o prurido, que pode variar desde moderado até severo. As lesões de pele consistem em eritema difuso, com descamação variável, hiperpigmentação e alopecia traumática. A pele e os pêlos podem estar oleosos e até com aspecto de graxa. Os animais apresentam odor forte, característico também da otite por Malassezia. Na doença severa e generalizada a pele se apresenta eritematosa, com descamação intensa, hiperpigmentada e liquenificada.

 

Diagnóstico

Para o diagnóstico é necessária a realização da citologia. Esta é a prova de mais fácil execução e que fornece resultados mais seguros. Deve-se raspar a área afetada com uma lâmina de vidro ou espátula, fazer o esfregaço ou ainda, usar a técnica da fita de acetato. Fixar pelo calor e corar por técnicas de citologia convencionais. Examinar em imersão.
A lista de diagnóstico diferencial é bastante extensa, pois os aspectos clínicos são comuns a várias doenças entre elas a atopia, alergia ao alimento, piodermatite superficial e todos os fatores etiológicos considerados em qualquer doença seborréica.

 

Tratamento

Para o uso tópico xampus contendo imidazóis, iodo povidona ou clorexidina são indicados em banhos duas vezes por semana inicialmente e após uma vez por semana.
O medicamento sistêmico a ser empregado é o cetoconazol (10-15 mg/kg q 12h PO). Comumente, as infecções cutâneas demandam 4 semanas e para evitar os sintomas colaterais como vômitos o medicamento deve ser administrado juntamente com o alimento.

1 Comentário

  1. Debora Ramos krauthein disse:

    Parabéns pelo blog!

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