INTRODUÇÃO
O hipotireoidismo canino resulta de uma desordem endócrina que resulta em diminuição da produção e secreção dos hormônios tireoideanos.
FISIOLOGIA DA GLÂNDULA TIREÓIDE
O iodo ingerido pelo animal é destinado à síntese de hormônios tireoidianos. A deficiência de iodo é um problema raro no cão visto que as rações comerciais possuem três vezes mais iodo do que a exigência mínima de iodo.
Na glândula tireóide o iodeto é capturado por transporte ativo. Esse processo é estimulado pela interação de receptores das células da tireóide com o TSH, produzido na hipófise. A concentração adequada intracitoplasmática de iodeto leva a produção de T3 e T4. O T3 é de 3 a 5 vezes mais potente que o T4. Embora todo o T4 seja secretado pela tireóide, de 40 a 60 % do T3 é derivado da deionização de T4 que ocorre no fígado e nos rins. Visto que o T3 é primariamente um hormônio intracelular a mensuração isolada de sua concentração sérica é pouco significante para o avaliação da função tireoidiana.
Regulação da secreção dos hormônios tireoidianos:
FATORES EXTRATIREOIDIANOS QUE ALTERAM O METABOLISMO E A CONCENTRAÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
Enfermidades
No cão concentrações séricas deprimidas de T4 foram descritas em diversas enfermidades não tireoidianas como hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, moléstia hepática dentre outras.
Drogas
As drogas utilizadas com maior freqüência na medicina veterinária que podem alterar as concentrações dos hormônios tireoidianos circulantes são glicocorticoides, anticonvulsivantes, fenilbutazona e agentes de contraste radiográfico.
Obesidade
Um aumento da concentração sérica de T3 e T4 foi relatado em cães obesos. A excessiva ingestão de calorias parece ser o que resulta na maior produção dos hormônios tireoidianos.
Idade
As concentrações séricas totais de T4 estão elevadas de 2 a 5 vezes o nível dos adultos durante os três primeiros meses de vida .
HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO >> Esse processo é desencadeado quando ocorre destruição do tecido glandular da tireóide, resultando em deficiência na produção dos hormônios tireoidianos. Este tipo de hipotireoidismo representa 95% dos casos clínicos de hipotireoidismo. Como causas desse tipo de hipotireoidismo podemos citar a tireoidite linfocitária, a atrofia folicular idiopática, a tireoidectomia e tumores tireoidianos.
HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO >> Esse tipo de hipotireoidismo é desencadado pela diminuição da hipófise em secretar TSH, resultando em uma atrofia folicular secundária. Dentre as causas de hipotireoidismo secundário podemos citar a os tumores hipofisários, as malformações da hipófise e a deficiencia isolada de TSH.
HIPOTIREOISISMO TERCIÁRIO >> Resulta de uma falha de liberação do TRH produzido pelo hiipotálamo. Esta falha pode estar associada a uma má formação do hipotálamo ou destruição do mesmo pela presença de neoplasias, abcessos ou inflamações severas.
SINAIS CLÍNICOS E ACHADOS LABORATORIAIS
SINTOMAS CLÍNICOS | Porcentagem de cães com hipotireoidismo que apresentam a sintomatologia |
Letargia/ Apatia mental | 70 |
Alopecia/ Perda de pêlos | 65 |
Ganho de peso/ Obesidade | 60 |
Pelagem ressecada/ Epilação excessiva | 60 |
Anestro | 40 |
Hiperpigmentação | 25 |
Intolerância ao Frio/ hipotermia | 15 |
Bradicardia | 10 |
ACHADOS LABORATORIAIS | |
Hipercolesterolemia | 80 |
Anemia normocítica normocrômica | 50 |
Elevação da concentração da creatina fosfoquinase | Poucos |
DIAGNÓSTICO
As alterações clínicas associadas ao hipotireoidismo são inespecíficas e podem estar associadas com outras enfermidades. Por isso torna-se necessário a execução de dosagens hormonais específicas.
Os hormônios da função tireoidiana mensurados são T4 total, T4 livre e TSH. A mensuração do T3, em cães, possui pouco significado.
O teste de estimulação do TSH tem um bom valor diagnóstico e consiste na dosagem de T4 total e livre antes e 4 horas após a administração de TSH.
TRATAMENTO
O tratamento do hipotireoidismo consiste em reposição hormonal.
Um diagnóstico preciso antes do início da terapia hormonal é de fundamental importância pois na maioria das vezes a terapia se faz necessária para o resto da vida do animal.